quarta-feira, 26 de setembro de 2007
BANDA DESENHADA PORTUGUESA - Texto de Vasco Granja
“WANYA – ESCALA EM ORONGO”
Nelson Dias, um pintor que se sentiu atraído pela linguagem da banda desenhada, confessa-nos que este meio de comunicação é a mais específica forma de arte que conhece.
Professor de Desenho na Escola Industrial e Comercial de Leiria desde 1964, Nelson Dias acaba de lançar, em edição da Assírio & Alvim, aquilo que pode ser considerado como o primeiro álbum de narração figurativa portuguesa de concepção moderna: Wânya – Escala em Orongo.
Dias é o autor dos desenhos e a seu lado encontra-se Augusto Mota, que escreveu o argumento deste álbum. Igualmente professor da Escola Industrial e Comercial de Leiria, Augusto Mota tem desenvolvido uma actividade constante na crítica literária e nas artes gráficas, tendo participado em diversas exposições colectivas de pintura.
Para Nelson Dias, a narração figurativa é um meio eficaz de comunicação, especialmente em Portugal, onde tudo está por explorar num domínio tão vasto e aliciante.
Perguntei a Nelson Dias quais os autores que mais o influenciaram na criação do seu estilo.”Não directamente”respondeu o desenhador,”mas Saga de Xam, de Nicolas Devil
Representou muito para mim, estimulando-me bastante no sentido da criação gráfica. Influências de outros autores, só por acaso é que as podia sentir.”
Três anos foram o tempo que levou a executar este álbum aos seus autores. Claro que este prolongado período só se compreende num país onde os quadrinhos não são ainda considerados como uma manifestação artística. Mas Mota e Dias confiam na boa recepção do seu trabalho por parte do público e da crítica. Ambos estão atentos ao que de mais importante se passa presentemente em Espanha, na Itália, na França, nos Estados Unidos…Autores como Esteban Maroto, Enric Slo, Victor La Fuente, Hernandez Palácios, José Bea, Guido Crepax, Philippe Druillet ou Robert Crumb significam muito para os dois criadores de Wânya. Certamente, que o impacto gráfico nestes autores é frequentemente superior à validade temática das suas histórias.
Um tipo de narração figurativa tomando como base a crítica da sociedade, ou seja, uma forma de arte de intervenção social, é aquilo que preocupa Nelson Dias e Augusto Mota.
Tudo isto é visível em Wanya, onde se nota uma mensagem pacifista, de carácter universal, propondo-se a heroína desta história eliminar os derradeiros vestígios de uma civilização que pretende fazer da guerra a sua razão de ser.
Tendo perfeita consciência dos problemas que afectam o aparecimento de um estilo português de banda desenhada, Augusto Mota e Nelson Dias sugerem em Wânya uma das vias possíveis para a concretização da actividade normal neste sector de criação artística – reflectir nos quadrinhos os problemas que preocupam o homem de hoje ,servindo-se de uma concepção gráfica autónoma, sem qualquer referência obrigatória ás produções estrangeiras.
Wânya – escala em Orongo é a prova evidente de que pode existir uma banda desenhada portuguesa de qualidade. Mas a última palavra cabe, como não pode deixar de ser ,ao público, que decidirá se deve apoiar ou contestar o esforço de Augusto Mota e Nelson Dias.
Vasco Granja
Nelson Dias, um pintor que se sentiu atraído pela linguagem da banda desenhada, confessa-nos que este meio de comunicação é a mais específica forma de arte que conhece.
Professor de Desenho na Escola Industrial e Comercial de Leiria desde 1964, Nelson Dias acaba de lançar, em edição da Assírio & Alvim, aquilo que pode ser considerado como o primeiro álbum de narração figurativa portuguesa de concepção moderna: Wânya – Escala em Orongo.
Dias é o autor dos desenhos e a seu lado encontra-se Augusto Mota, que escreveu o argumento deste álbum. Igualmente professor da Escola Industrial e Comercial de Leiria, Augusto Mota tem desenvolvido uma actividade constante na crítica literária e nas artes gráficas, tendo participado em diversas exposições colectivas de pintura.
Para Nelson Dias, a narração figurativa é um meio eficaz de comunicação, especialmente em Portugal, onde tudo está por explorar num domínio tão vasto e aliciante.
Perguntei a Nelson Dias quais os autores que mais o influenciaram na criação do seu estilo.”Não directamente”respondeu o desenhador,”mas Saga de Xam, de Nicolas Devil
Representou muito para mim, estimulando-me bastante no sentido da criação gráfica. Influências de outros autores, só por acaso é que as podia sentir.”
Três anos foram o tempo que levou a executar este álbum aos seus autores. Claro que este prolongado período só se compreende num país onde os quadrinhos não são ainda considerados como uma manifestação artística. Mas Mota e Dias confiam na boa recepção do seu trabalho por parte do público e da crítica. Ambos estão atentos ao que de mais importante se passa presentemente em Espanha, na Itália, na França, nos Estados Unidos…Autores como Esteban Maroto, Enric Slo, Victor La Fuente, Hernandez Palácios, José Bea, Guido Crepax, Philippe Druillet ou Robert Crumb significam muito para os dois criadores de Wânya. Certamente, que o impacto gráfico nestes autores é frequentemente superior à validade temática das suas histórias.
Um tipo de narração figurativa tomando como base a crítica da sociedade, ou seja, uma forma de arte de intervenção social, é aquilo que preocupa Nelson Dias e Augusto Mota.
Tudo isto é visível em Wanya, onde se nota uma mensagem pacifista, de carácter universal, propondo-se a heroína desta história eliminar os derradeiros vestígios de uma civilização que pretende fazer da guerra a sua razão de ser.
Tendo perfeita consciência dos problemas que afectam o aparecimento de um estilo português de banda desenhada, Augusto Mota e Nelson Dias sugerem em Wânya uma das vias possíveis para a concretização da actividade normal neste sector de criação artística – reflectir nos quadrinhos os problemas que preocupam o homem de hoje ,servindo-se de uma concepção gráfica autónoma, sem qualquer referência obrigatória ás produções estrangeiras.
Wânya – escala em Orongo é a prova evidente de que pode existir uma banda desenhada portuguesa de qualidade. Mas a última palavra cabe, como não pode deixar de ser ,ao público, que decidirá se deve apoiar ou contestar o esforço de Augusto Mota e Nelson Dias.
Vasco Granja
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